Re: [PARADA] ** Angels & Demons **

por **Jess Silver** Qua Jun 29, 2011 5:05 pm

Oiee gente
quero avisar também
que só faltam 2 dias pro retorno
de "Angels & Demons"
ainda há muita coisa pra descobrir:
o que será que vai acontecer com a Angela agora que "morreu"?
E será que o Kellahnii a vai ajudar a voltar à vida?
Tudo isso será revelado ~~dia 1 de Julho~~ afinal é AGORA
porque minha net ja voltou kkkk^^
beijoos

por **Jess Silver** Qui Jun 30, 2011 10:40 am

Capítulo 3

Kellahnii

Fiquei mesmo frustrada quando me apercebi que voltara a adormecer, por isso quando acordei e voltei a ver-me debaixo de água, apesar de já saber onde estava e que não havia perigo - aliás, ali não parecia haver perigo nenhum, era um lugar demasiado pacífico - fiquei preocupada com aquela coisa de estar sempre a acordar e a ficar de novo inconsciente, porque eu precisava de falar mais com Kellahnii, mas só conseguia trocar uma ou duas palavras com ele antes de tudo se dissolver em nada à minha volta.
Avistei-o lá ao fundo do lago e nadei até ele, o mais depressa que consegui. Não ia desperdiçar tempo desta vez. Ele voltou a estender-me a mão quando o alcancei e levou-me para a superfície consigo.
Subiu para a margem de pedra e ajudou-me a fazer o mesmo. Depois, sem dizer nada, sentou-se na relva macia do chão e eu sentei-me ao seu lado. Ele tinha o olhar pregado na água cintilante do pequeno lago, mas eu não conseguia desviar os olhos dele. Kellahnii era bonito, mas de uma maneira diferente, quase sobrenatural, tudo nele era branco, desde o cabelo até às calças que ele trazia vestidas, até parecia emanar uma aura esbranquiçada e cintilante à sua volta. Mas eu não tinha medo nenhum dele.
- Disseste que isto era o Paraíso. - Comecei, e desta vez a minha voz soou mais determinada, mais confiante.
Ele assentiu e virou-se para mim.
- Sim.
- Mas eu estou morta?
- Mais ou menos.
- Como assim? - Insisti, queria respostas mais completas e não apenas "sim, mais ou menos, não" como estava a receber até aí.
- Tu estás em coma na vida real. - Explicou ele, olhando-me com ar pesaroso.
- Em coma? - A minha cabeça confusa indicou-me o que isso era e fiquei assustada, de olhos arregalados. - Porque é que eu estou em coma?
- Porque tiveste um acidente de automóvel muito grave e quase morreste. Não te lembras?
Esforcei-me por tentar lembrar-me, mas não conseguia. Nem sabia como nem quando tinha tido o acidente. Será que Kellahnii estava a inventar aquilo? Não… não podia… eu acreditava nele. De uma maneira inacreditável, porque não o conhecia de lado nenhum, mas acreditava em tudo o que ele dizia.
- Não me lembro… porque é que tive o acidente?
- Talvez seja melhor mostrar-te, o que achas?
- Pode ser.
Então ele levantou-se e mais uma vez estendeu-me a mão, para me ajudar a levantar também. Depois avançou para o meio das árvores e arbustos que rodeavam o pequeno lago, comigo a segui-lo a uma curta distância, atravessamos apenas algumas árvores até que Kellahnii saiu do interior do oásis e quando eu o segui, apercebi-me que estávamos…
Numa das ruas de Los Angeles.
Fiquei tão espantada por ver de novo aquele cenário, que eu conhecia tão bem, porque tinha passado montes de vezes por aquela rua, que achei que tudo aquilo só podia ser magia. Como é que, de um segundo para o outro, passávamos de um oásis paradisíaco no meio do nada para uma movimentada rua de Los Angeles?
Mas ao menos Kellahnii continuava ao meu lado, ainda não tinha ido embora para que eu voltasse a adormecer e tudo desaparecesse como das vezes anteriores.
- O que viemos fazer aqui? - Perguntei.
- Olha para ali. - Disse ele, e apontou para diante.
À nossa frente estava a estrada, ou melhor, um cruzamento. Àquela hora - era de noite e já devia ser mesmo muito tarde, porque não se via muitos carros a passar - não estava quase carro nenhum a passar o cruzamento. As luzes dos semáforos e dos outdoors brilhantes da cidade, assim como os anúncios em néon na parte de cima da maioria dos bares e cafés e lojas iluminavam a noite, era um caleidoscópio de luzes de diferentes cores, principalmente vermelhas e verdes e amarelas. Mas então eu comecei a ouvir um barulho, que me prendeu mais a atenção que tudo o resto: o barulho de um carro a aproximar-se, e parecia vir muito depressa.
- Olha com atenção. - Pediu Kellahnii.
Semicerrei os olhos para ver melhor, e então vi um carro a aproximar-se, vinha a uma velocidade assustadora, ao fundo da rua. Aproximava-se cada vez mais depressa do cruzamento, mas parecia-me que ele vinha em sentido contrário, em contra-mão, porque do lado oposto da via vinha outro carro, o condutor conduzia quase tão depressa como o outro, e os dois carros iam-se aproximando cada vez mais, mas nenhum dos condutores parecia aperceber-se da presença do outro.
E foi com verdadeiro horror que me apercebi do que ia acontecer, mas não pude fazer nada para o evitar, nem Kellahnii podia, porque os dois carros acabaram por chocar de frente, num embate que de certeza mataria quem estivesse a conduzir, tal foi o choque e a força com que embateram. Os dois carros imobilizaram-se de imediato, com as frentes metidas uma na outra, e começou a sair fumo da capota de cada um deles.
- Oh não… - Balbuciei, horrorizada com aquilo.
Kellahnii pousou-me uma mão no ombro, como se me quisesse ajudar a sentir-me melhor, mas ele próprio parecia muito triste.
- Estás a ver quando disse que tiveste um acidente muito grave?
- O quê? Eu estava dentro de um daqueles carros?!
- Estavas, dentro do vermelho. Aquele ali… lamento.
Fiquei a olhar durante imenso tempo para o carro, à medida que um aglomerado de pessoas se ia amontoando em redor do cenário do acidente, e depois começámos a ouvir as sirenes da ambulância a soar muito ao longe.
- O que aconteceu depois disto? - Perguntei, com algum receio até de saber.
- Eu irei mostrar-te… mas noutra vez. Por hoje já chega, Ange… está na hora de dormires de novo.
Eu ia ripostar, pedir-lhe só mais um pouco, porque não queria parar naquela parte do sonho, mas Kellahnii fechou os olhos, e quando ele fez isso tudo à nossa volta desapareceu, ficou tudo negro e eu voltei a cair na inconsciência, como das restantes vezes.

- Kellahnii, espera! - Pedi, enquanto subia atrás dele para a margem do lago, tal como das outras vezes.
O sonho tinha começado da mesma maneira, mas desta vez eu sabia mais do que tinha acontecido, e estava mais assustada e nervosa que nunca. Voltei a sentar-me com Kellahnii na borda do lago, mas eu estava demasiado ansiosa por que ele me contasse mais coisas para esperar muito tempo.
- O que aconteceu depois do acidente? Eu… eu estou no hospital? Estou em coma?
- Sim.
- E o que aconteceu ao condutor do outro carro?
- Ele ficou bem. Ferido, com alguns ossos partidos, mas vai ficar bem. - Explicou ele.
- E eu? Também vou ficar bem?
Kellahnii não respondeu logo. Ficámos imenso tempo em silêncio, mas eu continuava à espera da sua resposta. Depois apercebi-me que ele podia não saber. E enquanto esperava que ele se decidisse a responder-me de uma vez por todas, nem que fosse só "não faço ideia", outros pensamentos entraram na minha cabeça.
Se eu estava em coma, o que teria acontecido a Dave e Michael? Será que eles já tinham sido alertados para isso? Será que me tinham ido ver ao hospital e tinham ficado em choque por me ver assim? Há quanto tempo eu estaria naquele estado? Quando sairia dele? E se eu estava no Paraíso, ou algo parecido a isso, o que é que Kellahnii fazia ali? Ele não era Deus, certo? Se fosse eu ter-me-ia apercebido logo.
- Kellahnii? - Chamei, sem conseguir conter-me mais.
- Diz, Angela.
Espantei-me por ele saber o meu verdadeiro nome, e espantei-me por ouvir alguém chamar-me assim, já não o ouvia há muito tempo, porque eu preferia que me chamassem Ange ou Angie, como Michael e Dave faziam. Mas como tudo ali era diferente daquilo a que eu estava habituada, até fazia mais ou menos sentido que Kellahnii me tratasse pelo meu nome verdadeiro.
- Há quanto tempo é que eu estou de coma?
- Há duas semanas.
Aquilo deixou-me impressionada. Eu tinha tido imensos sonhos… será que eu podia contar os dias que passavam pela quantidade de sonhos que tinha? Mas não devia ser assim que funcionava, pois não? Decidi passar para a próxima pergunta.
- Se isto é o Paraíso…
- Isto é o teu Paraíso. - Corrigiu imediatamente Kellahnii.
- O meu? Então mas não é uma coisa geral?
A gargalhada dele não era maldosa nem a gozar comigo, era apenas divertida, porque talvez ele achasse piada aos termos que eu usara, ou então estivesse habituado a que toda a gente, com quem ele se cruzava ali, lhe perguntasse a mesma coisa.
- Não, não é uma coisa geral. Isto é a tua versão de Paraíso, és tu que crias o que vês à tua volta. Como ainda não sabes dominar bem, tenho sido eu a controlar os cenários, e tenho tentando mantê-los mais ou menos iguais para que não te baralhes muito.
- Tu controlas as coisas que acontecem no meu Paraíso? - Perguntei. Meu Deus, aquilo poderia ficar mais estranho e confuso ainda?!
- Sim, mais ou menos.
- Então… o que és tu? Pensei que fosses igual a mim, mas tu não estás em coma também, pois não?
- Não. E eu não sou como tu, Angela.
- Então… o que és tu?
Ele sorriu docemente, e aproximou-se um pouco mais. Pegou na minha mão e quando falou a sua voz era calma e meiga, como quem fala para uma pessoa que não sabe nada da vida, que ainda tem tanto a aprender que ainda nem lhe passa pela cabeça as coisas que vai descobrir. Era mais ou menos assim que Kellahnii estava a olhar e a falar comigo.
- Eu consigo interagir contigo aqui, nesta dimensão, porque sou o teu anjo da guarda.

por **Jenn** Qui Jun 30, 2011 12:02 pm

anjo da guarda?
2 semanas de coma?
G-zuis.
olha esses ai tiveram mais sorte que o angelico, ela ta de coma e o outro tem uns ossos partidos... ja o ajgelico, ja deve tar no paraiso eterno dele!! coitado!
xS

por **Laala saalvatore ;)** Qui Jun 30, 2011 12:34 pm

Noossa Jess, a Angela tá a duas semanas em cooma?? Pelo amor de Deuus!
Ela re-vendo a cena do acidente foii de doer.. Imagino como ela sentiu-se ali, a presenciar um acidente horroroso e sabendo que ela estava ali dentro, e que agora está em coma!
Este paraíso dela... Realmente, não devia ser ela que estava criando... Tinha mesmo de ser outra pessoa... Pelo que eu li dela em vida, ela era muito "danadinha" para imaginar um lugar assim ;s Ou talvez esteja enganada Smile

Enfim, descobrir que se tem um anjo da guarda e que se está a interagir com ele, não é algo muito normal, ein!! Tomara que a Angela não endoideça e que ela volte loogo, como quer que seja! haha

por **Jess Silver** Qui Jun 30, 2011 5:20 pm

kkkkkkkkkkk brigada Jenny e Laala
realmente é um lugar estranho
nao sei o que ta havendo comigo que essa fic
ta ficando bem estranha hein rsrsrrsrs

pobre Angelico, realmente nao merecia aquilo...
no proximo cap vêm mais surpresas!!
beijoos

por **Miriam Salvatore** Qui Jun 30, 2011 8:41 pm

Woow eu tava achando que Kellai era Deus...

por **Jess Silver** Sex Jul 01, 2011 8:14 am

Miriam Salvatore escreveu:Woow eu tava achando que Kellai era Deus...

serio Miriam?? kk ia ser um deus bem gostoso nao acha ??
naa, por agora ele é só Anjo rssrsrrss

por **Miriam Salvatore** Sex Jul 01, 2011 8:36 am

Woooow ele daria um Deus gostoso sim Jess Twisted Evil

kkkk

por **Laala saalvatore ;)** Sex Jul 01, 2011 2:33 pm

Jess amiiga, você vai postar capítulo aquii em Angels e Demons hooje?
Diz que siim, diiz? Very Happy

por **Jess Silver** Sex Jul 01, 2011 2:43 pm

Laala saalvatore escreveu:Jess amiiga, você vai postar capítulo aquii em Angels e Demons hooje?
Diz que siim, diiz?

vou sim querida
vou postar agora
espero que goste!!
a historia vai começando a compor-se hein...

por **Jess Silver** Sex Jul 01, 2011 2:44 pm

Capítulo 4

O meu Anjo

- És o meu anjo da guarda? A sério? Que fixe!
Kellahnii sorriu, provavelmente achava piada àquilo. Estávamos de novo sentados na beira do lago do oásis paradisíaco do meu Paraíso. Eu gostava imenso daquele local, se pudéssemos estar sempre ali a conversar eu não me queixaria, porque era um lugar muito bonito. No meu Paraíso eu nunca sentia as necessidades humanas normais: fome, sede, sono, cansaço… era como se estivesse sempre bem.
- Porque é que só agora é que estou a falar contigo? Devias ter falado comigo mais algumas vezes enquanto eu estava… bem, viva. Porque estiveste à espera que eu ficasse meia morta para finalmente me revelares que afinal sempre temos anjos da guarda?
- Tu falas realmente muito. - Ele tornou a rir-se, e eu corei imenso. - Mas é algo bom, és uma pessoa alegre e extrovertida, e isso é bom.
- Desculpa se estou a falar muito… mas estou tão curiosa sobre tudo e mais alguma coisa!
- Eu sei, e compreendo. E para responder à tua pergunta, é obvio que só posso falar contigo aqui. Se os humanos pudessem comunicar com os seus anjos da guarda sempre que pudessem, não faziam mais nada na vida.
- És capaz de ter razão…
- Portanto, já que temos todo tempo que quisermos, podes fazer-me as perguntas todas para as quais não tens resposta.
- Todas? - Fiquei muito mais animada quando ele disse aquilo. - E prometes que respondes a todas?
- Sim, eu prometo.
- Ótimo… então, quantos anos é que tu tens?
Kellahnii riu-se e revirou os olhos.
- Tinhas logo de começar por essa…
- Prometeste que respondias!
- Sim, e responderei. Eu nunca falto às minhas promessas, Angie.
Fiquei contente por ele me chamar isso, gostava mais do que quando ele me chamava Angela. Kellahnii parecia ser mesmo fantástico, e dei por mim a desejar ficar ali muito tempo com ele.
- Eu tenho mais de mil anos.
Arregalei os olhos, perplexa. Mais de mil anos?!
- És imortal?!
- Angie, eu não sou uma criatura terrestre para ser mortal ou imortal. Sou um anjo, lembras-te? Não morro, não evoluo, não me desenvolvo fisicamente. Fico sempre assim… porque sou uma criatura divina.
- Ah… desculpa… - E depois lembrei-me de algo que seria incrível se fosse verdade. - Tu tens asas?!
- Tenho.
- Mostras-me, por favor?
- Sim, claro.
Então ele fechou os olhos, como se estivesse a concentrar-se profundamente em algo, e de um momento para o outro, duas belas e grandiosas asas brancas saíram-lhe das costas, mas não havia mutilação nenhuma do corpo dele, era como se ele fosse uma ave que simplesmente abria as asas. Elevou-as, abrindo-as ao máximo, e reparei que eram maiores ainda que o corpo dele, e as penas eram do mais maravilhoso branco que existia. Elas próprias pareciam brilhar, eram tão bonitas…
- Uau… são lindas…
- Obrigado.
- Obrigada por mas teres mostrado.
- Eu posso mostrar-te tudo, Angie, mas tens de confiar no que te digo: as asas de um anjo são poderosas e não se devem mostrar a toda a gente.
- Eu entendo… mas também, eu não sou toda a gente, eu sou a tua protegida ou algo do género.
E foi então que vi o seu semblante a ficar mais ensombrado, não de irritação mas de tristeza. Foi a primeira vez que vi uma pontada de tristeza no rosto de Kellahnii e odiei a experiência, porque ele tinha um rosto lindo de mais para se mostrar triste, eu não queria que ele sofresse.
- O que se passa? Foi algo que eu disse? Desculpa…
- Não peças desculpa. A culpa não é tua. Eu é que fiz mal o meu trabalho, o meu dever.
- Do que estás a falar? - Inquiri, e ele tinha os olhos fixos nos meus, eu nem conseguia pensar em mais nada.
- O meu dever era proteger-te, zelar por ti, mostrar-te o caminho correto que devias seguir. Embora não possa falar contigo, como quanto estás viva em estado normal, eu consigo mudar as coisas, é isso que os anjos devem fazer, proteger e cuidar dos seus humanos. E eu falhei na minha missão… tu és tão jovem e já quase morreste.
- Mas não foi falha tua… fui eu que me meti naquele carro e que conduzi àquela velocidade maluca. Como podes ter culpa disso?
- Porque eu não devia ter-te sequer deixado ir àquele bar.
- Bar?
Esse era outro pormenor do qual eu não me lembrava. Kellahnii suspirou e então, para minha surpresa, agarrou as minhas mãos entre as suas, envolvendo-as como se as suas fossem uma concha protetora, e fechou os olhos.
- Fecha os olhos. Vou mostrar-te o que realmente aconteceu.
Obedeci ao seu pedido, mas com medo de que ele fosse fazer-me adormecer de novo. Mas dessa vez, quando fechei os olhos, em vez de cair na inconsciência fui automaticamente levada para outra espécie e sonho, e eu via as coisas a desenrolar-se de uma perspectiva superior, como se eu estivesse a olhar para tudo de cima.
Foi com espanto que reconheci a discoteca onde já tinha estado tantas vezes. E fiquei ainda mais estarrecida quando consegui descobrir-me a dançar no meio da multidão. Aquilo era ao mesmo tempo horroroso e entusiasmante: eu observava-me mas estava fora do meu corpo, como se me visse de uma fonte diferente, e aquilo era um espectáculo diferente de tudo o que eu já experimentara até aí.
Vi-me a dançar como uma doida, como se estivesse mesmo bêbeda - se calhar até estava - e depois veio Dave juntar-se a mim. Identifiquei-o imediatamente quando ele apareceu no meu campo de visão. Veio dançar comigo e depois houve uma espécie de desentendimento e eu fui até ao bar pedir uma bebida, depois juntou-se um homem com um mau ar evidente, que tentou meter-se comigo. Fiquei assustada ao perceber que eu, na vida real, tinha permitido tudo aquilo, me tinha portado daquela maneira. Era estranho ver agora as coisas que tinha feito, quase numa experiência fora do corpo. Kellahnii estava ao meu lado, a ver tudo aquilo, mesmo quando o tal homem tentou agarrar-me e eu tentei afastá-lo, e quando Michael nos veio separar.
Depois houve a discussão com Michael, eu tirei-lhe as chaves do carro e saí da discoteca. Agora que estava a ver tudo isto pensava «meu Deus, como pudeste ser tão estúpida a este ponto?!»
Estava claramente embriagada e tinha-me metido a conduzir?! Ainda por cima tão depressa? E depois vi o desenrolar do acidente e tudo o mais. Quando Kellahnii se apercebeu que tudo aquilo me estava a deixar mesmo transtornada, pegou-me de novo nas mãos e fez-me voltar ao oásis brilhante e pacífico, com a água do lago a cintilar à luz do sol. Quando abri os olhos e olhei para aquilo, apercebi-me que tinha a cara lavada pelas lágrimas.
Tinha sido mesmo estranho assistir ao que tinha acontecido, e ainda mais sabendo que Kellahnii estava lá comigo e também tinha visto as minhas figuras horríveis, a maneira completamente errada como me tinha comportado. Nem tinha coragem para olhar de frente para ele… sentia-me envergonhada, mas sabia que, bondoso como Kellahnii era, não me ia julgar diretamente por ter tomado todas aquelas ações erradas.
- Estás a ver, quando digo que errei? Devia ter-te impedido de te meteres nesta vida. Não devia ter deixado que te tornasses nessa pessoa que eras… quando estavas viva.
Assenti, e mais lágrimas desceram pela minha cara. Eu podia ter resmungado que ele estava errado, podia ter ripostado e dito que tinha direito a divertir-me, mas depois do que ele me tinha mostrado, eu percebia que ali era ele quem estava certo, e eu estava errada.
Tinha estado errada durante muito tempo, e só agora conseguia ver com clareza.
- Desculpa. Desiludi-te, não foi? - Murmurei, limpando as lágrimas.
- Foi um erro dos dois, mas… sim, desiludiste. Não queria que fosses infeliz, não queria que tivesses uma vida miserável e por isso tentei criar cenários onde te sentisses mais feliz, mas agora vejo que no fim só consegui conduzir-te à tua própria desgraça, ao dar-te demasiada liberdade para tomares as tuas próprias decisões.
- E agora eu estou a pagar pelos meus erros. A justiça divina é mesmo lixada.
Kellahnii esboçou um sorriso meio censurador, começava a perceber que ele não gostava nada que eu usasse termos daqueles, mas eu estava demasiado habituada a falar dessa maneira.
- Não foi só nessa noite que tu erraste. Tu já não fazias as coisas da maneira certa há muito tempo.
Concordei com ele, mais uma vez ele tinha razão. E agora que olhava para trás, para todos os erros que cometera ao longo da vida, era capaz de perceber que tinha mesmo feito muita coisa mal.
Começara logo cedo, quando eu tinha cerca de doze anos, e comecei a tornar-me inimiga de algumas miúdas da minha escola. Eu e o meu grupo estávamos sempre a gozar com elas, a arreliá-las e a fazer-lhes pequenas maldades e partidas. Depois, na escola, também não me aplicava muito. Fui passando de ano cada vez com notas piores, mas mesmo assim eram suficiente para ir avançando na escola. À medida que o tempo passava eu tornava-me mais rebelde, cada vez havia mais discussões entre mim e a minha mãe, às vezes até faltava às aulas para estar com os meus amigos mais velhos no parque, cheguei a roubar coisas de uma pequena loja que havia perto da escola, experimentar fumar com cerca de catorze anos, meti-me numa data de sarilhos, até que a minha mãe me mudou de escola.
Depois fui para aquela onde andei desde o 8º até ao 12º ano. As minhas notas não melhoravam muito, tornei-me numa pessoa revoltada com a vida que fazia os possíveis e os impossíveis para ser livre mas que acabava sempre presa nas teias das suas próprias artimanhas. Fiz sofrer a minha mãe mais do que qualquer outra pessoa, até ao ponto de ela estar desesperada e já não saber mais o que fazer comigo. E depois, no último ano, acho que decidi que ia chumbar… antes de conhecer o Dave e o Michael.
Apaixonei-me - na minha mentalidade estranha e distorcida das relações, porque eu mal sabia o que era gostar de alguém ou ser amada a sério - pelo Michael, andámos durante umas semanas, depois ficámos só amigos, e eu achava que aqueles dois tinham sido os meus botes salva-vidas no meio do oceano de desespero onde eu nadava há tanto tempo à deriva.
Foram eles que me impediram de chumbar, combinámos que íamos passar o 12º ano para ficarmos livres de uma vez por todas da porcaria da escola, e foi isso que fizemos. Quando acabei o liceu a minha mãe estava feita num caco por minha causa, já não sabia como lidar comigo, por isso quando o Dave e o Michael disseram que iam juntar o dinheiro de ambos para comprarem uma casa para morarmos os três, nem pensei duas vezes. Eles eram as melhores pessoas que eu conhecia.
Deixei a casa da minha mãe e fui morar para Los Angeles com o Dave e o Michael, e aí a minha vida tornou-se ainda "pior" (eu achava que estava melhor, claro) do que antes. Cada um arranjou um emprego rasca que servia pelo menos para trazer dinheiro para casa para comprar comida e pagar as contas, e quando podíamos saíamos à noite, divertíamo-nos, vivíamos um dia de cada vez e aproveitávamos ao máximo, mas agora que olho para trás, penso que estávamos todos numa verdadeira "auto-estrada para o Inferno", porque a nossa vida era tudo menos funcional e correta.
Por mais estranho que isto pareça, olhei para Kellahnii e só consegui pensar «bendito acidente. Foi o meu "abre olhos". Fez-me perceber que estava a fazer tudo mal. Ainda bem que isto aconteceu.»
- Sabes Kellahnii… acho que afinal este acidente veio por bem. Permitiu-me ver que estava a errar… permitiu-me perceber o que estava a fazer mal. Ainda bem que pude vir aqui falar contigo.
- Fico mesmo feliz que tenhas percebido isso. - Disse ele, com um sorriso orgulhoso por ver que eu estava a progredir. - Mas não era preciso chegarmos ao extremo… de teres de morrer para perceber isso.
- Às vezes é só quando se morre que se percebe toda a merda que fizemos em vida…
Ficámos em silêncio durante mais um momento interminável, até que ele voltou a falar comigo, e parecia mais determinado desta vez.
- Há algo que ainda não te disse…
- O quê?
- Tu não tens de morrer. Isto não tem de acabar já para ti.
Fiquei espantada quando ele disse aquilo, não esperava algo assim. Ele estava a dizer-me que, apesar de tudo o que eu fizera de errado, não ia morrer como castigo? Já não estava a perceber nada.
- O acidente foi uma espécie de castigo divino, para te abrir os olhos e te fazer ver todas as coisas que estavas a fazer mal, e também para me permitir chegar até ti para falarmos. E um anjo só consegue falar com a sua protegida quando, de uma certa maneira, ela deixa o mundo normal e humano e entra num plano mais celestial, onde tu estás agora.
- Ah… acho que compreendo… então tu podes fazer-me acordar, quando quiseres?
- Quem me dera que fosse tão simples. - Suspirou Kellahnii.
- Então explica-me melhor quais são as condições.
Ele respirou fundo, como se se preparasse para falar durante muito tempo, e depois respondeu-me numa voz muito calma.
- A missão que me deram era a de te trazer até aqui, a esta dimensão, para te propor uma mudança radical na tua vida. Porque tu estás a fazer tudo mal, e vais acabar por te matar mais cedo ou mais tarde. Por isso, agora que essa altura chegou, tens duas opções…
- Deixa-me adivinhar: uma é morrer mesmo.
- Exatamente. - Murmurou Kellahnii, e parecia não gostar nada de ter de me dizer estas coisas.
- E qual é a outra opção?
Ele fixou os belos olhos cinzentos-claros nos meus, com uma intensidade quase palpável, e adivinhei logo que não devia ser algo fácil nem que eu fosse gostar muito.
- A outra opção… é que voltes ao mundo de uma maneira diferente, que voltes a viver mas com um propósito, com a tua própria missão. E no fim, se conseguires cumpri-la, voltamos aqui e eu faço-te passar pelo ritual que te devolverá à vida tal como eras antes, humana e normal.
- Então essa missão… é muito complicada?
- É como um… como tu dirias… um castigo lixado e irónico.
Sorri, mas mal podia prever o que ele diria a seguir.
- Se decidires que queres aceitar o desafio de voltar à vida… tens de o fazer como uma Caçadora.
- O que é uma Caçadora? - Inquiri, espantada.
- É uma pessoa que caça o Mal. Que encontra a maldade onde ela existe e a destrói. Basicamente, para entenderes melhor, tu vais voltar ao mundo como um Anjo do Bem e a tua missão é destruir os Maus.
- Oh meu Deus… isso parece um jogo de vídeo daqueles mesmo mauzinhos, sabias? - Respondi, horrorizada com a ideia de que aquilo pudesse mesmo estar a acontecer-me.

por **Laala saalvatore ;)** Sex Jul 01, 2011 3:08 pm

Jess, amiiiiga!
Que capítulo mais revelador!!!!
Sim, quem não queria ter um anjo como esse cara ai que eu não sei dizer o nome !!
Ele quis mesmo deixar a Ange viver a vida dela, mas ela mesmo deu cabo de si... E ele agora ainda tem uma proposta dara oferecer-lhe...

Eu imagino que deva ter sido duro para ela assistir à cena do bar, pois ela mesmo viu como ela era e o que ela fazia de mal!!! E o seu anjo estava sempre a ver tudo!
Jess essa história me surpreende demais, sabia!! Eu adoro-a!

E agora, vamos ver o que a Ange vai achar desta proposta! E se terá sucesso nela! Algo me diz que impecilhos vem por ai!! Very Happy

por **Jess Silver** Sex Jul 01, 2011 3:10 pm

É que vêm mesmo, e muitas reviravoltas!!!
o capítulo de logo à noite vai ser revelador kkk
mas ainda bem que gosta e que a história te surpreende querida
ja sabes como o teu apoio é essencial!

por **Miriam Salvatore** Sex Jul 01, 2011 3:17 pm

OMG
- Oh meu Deus… isso parece um jogo de vídeo daqueles mesmo mauzinhos, sabias? - Respondi, horrorizada com a ideia de que aquilo pudesse mesmo estar a acontecer-me. KKKK ri nessa parte
Sinto que vem Damon pro ai...

por **Jess Silver** Sex Jul 01, 2011 3:23 pm

Miriam Salvatore escreveu:
OMG
- Oh meu Deus… isso parece um jogo de vídeo daqueles mesmo mauzinhos, sabias? - Respondi, horrorizada com a ideia de que aquilo pudesse mesmo estar a acontecer-me. KKKK ri nessa parte
Sinto que vem Damon pro ai...

kkkk eu ri tambem sabe??
e o Damon vai chegar, sim, mas ainda demora
lamento a espera, mas a historia tem de desvendar alguns pormenores
antes da entrada do Damon ta bom??
beijooos

por **Jenn** Sex Jul 01, 2011 4:03 pm

"No meu Paraíso eu nunca sentia as necessidades humanas normais: fome, sede, sono, cansaço… era como se estivesse sempre bem." que sorte, nem toda a gente pode dizer o mesmo!
"E prometes que respondes a todas?
- Sim, eu prometo." nao prometas essas coisas, depois ela começa com a historia pk que os de espanha sao espanhóis e os da russia nao sao russois? e tu ves te kilhado pra responder...
eu avisei, ja começou coma s perguntas incomodas...
oooo mais flashes da noite fatidica, coitada da miuda ja oh anjo, dass.
e depois da retrocpectiva mais bem descrita que eu ja vi na minha vida vem a noticia que transforma esta fic numa fic JESS "É como um… como tu dirias… um castigo lixado e irónico."

VAIS SER UMA CAÇADORA!!
aposto que vai ser espetacular essa "fase" da nova vida dela, ja estou super curiosa!!
nao gosto muito desses passeios pelo ceu e essas cenas.... VENHA A ACÇÃO JESS SILVER!!!
xDD

por **Jess Silver** Sex Jul 01, 2011 4:18 pm

Jennifer escreveu:"No meu Paraíso eu nunca sentia as necessidades humanas normais: fome, sede, sono, cansaço… era como se estivesse sempre bem." que sorte, nem toda a gente pode dizer o mesmo!
"E prometes que respondes a todas?
- Sim, eu prometo." nao prometas essas coisas, depois ela começa com a historia pk que os de espanha sao espanhóis e os da russia nao sao russois? e tu ves te kilhado pra responder...
eu avisei, ja começou coma s perguntas incomodas...
oooo mais flashes da noite fatidica, coitada da miuda ja oh anjo, dass.
e depois da retrocpectiva mais bem descrita que eu ja vi na minha vida vem a noticia que transforma esta fic numa fic JESS "É como um… como tu dirias… um castigo lixado e irónico."

VAIS SER UMA CAÇADORA!!
aposto que vai ser espetacular essa "fase" da nova vida dela, ja estou super curiosa!!
nao gosto muito desses passeios pelo ceu e essas cenas.... VENHA A ACÇÃO JESS SILVER!!!
xDD

Aiiii Jenny, o quanto eu ri na parte de Espanha e dos Espanhois e Russia e os Russois kkkkk
voce é d+ nos comentários, meu deus!!
e essa parte das viagens pelo céu é bem gira! já pensou se fosse contigo?? ias ver que ias gostar kkk
e ele tem de ensinar muitas coisas á miuda antes de a deixar à sua sorte kkk
mas a nova fase vai ser gira sim
no proximo cap ele vai-lhe mostrar ainda mais coisas, eu acho que vais gostar!!

por **Jenn** Sex Jul 01, 2011 9:28 pm

se eu andasse a passear no céu a dormir fortemente todos os dias do meu coma eu já tinha matado o anjo quando o encontrasse!!
eu gosto é de movimento jess!
céu nao é o melhor lugar pra mim!!
xDD
o que nao quer dizer que n esteja a adorar a fic!
xD

por **Jess Silver** Seg Jul 04, 2011 1:49 pm

Genteeee, eu sei que isso tem andando meio parado
entao eu decidi que hoje vou postar 2 caps ta bom??

vou postar agora o 1º e logo à noite o outro
espero que gostem!!

beijooos

por **Jess Silver** Seg Jul 04, 2011 1:52 pm

Capítulo 5

Até Onde Estás Disposta a Ir…

Quando abri os olhos, reparei logo que estava outra vez no oásis paradisíaco. Estava deitada de lado na relva macia junto à margem do pequeno lago, e tinha a cabeça deitada no colo de Kellahnii. Levantei-me para me sentar ao seu lado e ele sorriu-me docemente.
- Olá. - Cumprimentou-me.
- Olá… porque é que eu estou sempre a adormecer e a acordar afinal? Não dá para ter uma conversa coerente e seguida desta maneira!
- Lamento… mas é por causa do teu estado. O teu coma tem alturas em que é mais profundo e outras em que estás mais no mundo real do que nesta dimensão. Quando isso acontece não consigo falar contigo. Por isso tenho de esperar que voltes a mergulhar no coma profundo para que possa trazer-te para aqui e falar contigo.
- Ah, já entendi… então isso quer dizer que, nos momentos em que o meu coma é menos profundo… eu mostro melhorias? Possibilidades de vir a acordar?
- Não. O teu despertar é completamente controlado pelas pessoas que estão acima de mim na escala dos Anjos e Subordinados de Deus. Vão ser eles que, no fim, decidirão se tu mereces ou não voltar à vida como Caçadora.
Assenti e depois encolhi as pernas, rodeando-as com os braços.
- Então… já pensaste na tua escolha? - Perguntou-me Kellahnii, sempre naquela voz calma e sensata dele.
- Já. E eu quero voltar a viver, claro… se for como Anjo, tudo bem. Mas não queria sair já daqui. Este sítio é muito bonito.
- Bem, se tu chegasses a morrer mesmo, irias ficar aqui para sempre e poderias aproveitar muito melhor este lugar. Mas receio que isso não vá acontecer em breve. - Disse ele, com um sorriso a despontar nos seus lábios.
- Não vai? Isso quer dizer que eles… os Anjos Superiores… estão mais inclinados a deixarem-me voltar à Terra?
- Sim. Porque eles acham… tal como eu… que tu ainda és um espírito jovem e que pode redimir-se do mal que tem feito. Podes mudar. E se isso acontecer… bem Angela, não é que não gostasse de passar o resto dos meus dias aqui contigo, mas prefiro que vivas mais um pouco. Podes fazê-lo… tudo depende de ti.
Assenti e olhei à minha volta no pequeno oásis. Aquele lugar continuava a ser tão belo e espantoso como no primeiro momento.
- Gostava que me ensinasses a controlar a imagem que tenho deste lugar. Disseste que eu a podia controlar se me concentrasse, mas que ainda não sabia fazê-lo bem, e por isso eras tu quem a controlava. Mas podes ensinar-me, por favor?
Kellahnii sorriu mas ficou pensativo durante uns segundos.
- Posso ensinar-te o básico. Ou posso simplesmente levar-te a passear. A uma data de sítios diferentes.
- Acho que vou gostar disso. - Respondi, mais animada.
- Então dá-me as mãos. - Disse ele, como se se preparasse para começar um jogo comigo. - Onde queres ir primeiro?
Dei-lhe as mãos e fechei os olhos, enquanto pensava nalgum lugar onde sempre me tivesse apetecido ir, só para ver como era. Ah sim!
- Bem… Torre Eiffel em Paris! - Cantarolei, toda contente.
- O teu desejo é uma ordem. - Riu-se Kellahnii, espantado com o meu desejo.
Depois senti uma onda de calor agradável a passar das suas mãos para as minhas, e quanto mais forte se tornava a imagem da Torre Eiffel na minha cabeça, mais forte era a impressão de que estávamos mesmo a ir para lá, como se voássemos entre as várias dimensões, e depois Kellahnii fez com que aterrássemos suavemente no pico da Torre Eiffel. Estão a ver, não era no último piso onde se podia chegar, era mesmo no cimo da Torre Eiffel.
- AAAAAAAAAAAAAAAAH! - Gritei, assustada, quando me apercebi que se mexesse os pés um pouco mais do que devia viria parar cá abaixo.
Mas Kellahnii tinha os braços em meu redor e não me deixaria cair. Depois fez-me rodar lentamente para ficarmos na posição do Titanic (eu sou doida por esse filme, choro sempre que o vejo) e um sorriso desenhou-se nos meus lábios.
- O teu desejo concretizou-se? - Perguntou Kellahnii, sorridente.
- Podes crer! Isto é fantástico! - Guinchei, super feliz.
Olhei para a bela cidade de Paris, tão movimentada, e para as pessoas que pareciam formigas, tão pequenas lá em baixo e em intensa atividade, sempre a correr de um lado para o outro. Dali de cima tinha-se uma prespetiva perfeita de toda a cidade, e eu desejava nunca mais ter de sair dali… mas estava na hora de voltarmos.
- Onde queres ir agora? - Perguntou o meu anjo, sempre disposto a cumprir as minhas vontades.
Fechei os olhos, pensando fortemente no Deserto do Sahara, e no instante seguinte tínhamos aterrado suavemente numa duna muito alta. Estava tão calor ali… mas estranhamente eu não suava nem sentia o calor da mesma maneira que antes. Sabia apenas que estava calor, sem que este me deixasse demasiado mole ou cansada, como antes.
- Uau… nunca pensei que quisesses vir aqui! - Riu-se Kellahnii, surpreendido com a minha escolha.
- Sempre quis vir ver como isto era…
Olhei à nossa volta. O Deserto do Sahara era uma imensidão de areia até onde a minha vista alcançava, em todas as direções, só com algumas plantas rasteiras aqui e ali, muito escassas, e o céu fortemente azul por cima das nossas cabeças. Além disso não havia mais nada.
- É um lugar muito solitário… - Murmurei, apesar de estar a gostar.
- Sim… mas se quiseres podemos dar um passeio.
Assenti e então começámos a caminhar sem pressas pelas dunas do deserto. Durante os primeiros momentos não dissemos nada, limitámo-nos a caminhar porque isso, só por si, já valia a pena; mas depois quis tirar mais umas quantas dúvidas.
- Kellahnii…
- Sim?
- Desculpa fazer esta pergunta… mas como é Deus?
Ele tornou a sorrir daquela maneira calma, paciente, de quem sabe muito mais do que a maioria das pessoas mas não se quer gabar da sua sabedoria gigantesca. Era um sorriso de amigo, de alguém que me queria realmente ajudar.
- Ele é… indescritível. Mas posso tentar fazer um relato, se bem que não ficará nem perto do que ele verdadeiramente é… Deus é um ser incorpóreo, para começar. Não assume uma forma nem de Homem nem de Mulher ou de algo entre os dois. Quando nos dirigimos a ele, é com a voz das nossas consciências que nos responde. E acredita: ele está sempre ocupado a zelar por toda a gente. Às vezes não consegue ouvir as preces de toda a gente… ou não chega a tempo de acorrer aos seus pedidos… mas tenta sempre. Mas também castiga, quando os humanos assim o merecem. E todos os Anjos são abençoados por ele antes de escolherem um humano para terem sob a sua vanguarda. - Explicou ele, com uma voz calma e sensata.
- Ah… deve ser mais complicado do que parece.
- Exatamente. Mas porque perguntaste? Não acreditavas em Deus, quando estavas viva?
Baixei o olhar para a areia à minha frente e ponderei bem nas palavras antes de responder.
- Não quer dizer que não acreditasse… simplesmente havia alturas em que… não havia motivos para acreditar.
- Não devias deixar a tua fé de lado. Sei que passaste por muito na vida… mas isso não foi tudo culpa de Deus; a maior parte foi minha, não te esqueças.
Sorri-lhe compreensivamente e pousei a mão no seu ombro.
- Prometo que nunca mais deixarei de acreditar, OK?
- Combinado.
E depois continuámos a caminhar lentamente pelas dunas. Quando nos cansámos, Kellahnii tornou a abraçar-me e eu fiz com que mudássemos de novo de cenário. Desta vez estávamos no cimo da mais alta montanha dos Himalaias. E a seguir fomos à Tailândia e andámos a passear pelas ruas. E depois ainda fomos ao Brasil, a Inglaterra, à África do Sul, ao Monte Kilimanjaro, nadámos no Oceano Pacífico… essa foi a vez em que aguentei mais tempo na presença de Kellahnii.
E durante todo o tempo falávamos de várias coisas; trocámos opiniões acerca de vários temas, e analisámos o meu comportamento ao longo dos anos passados. Kellahnii não se tornava chato, nem quando me estava a repreender: eu ouvia tudo o que ele dizia com toda a atenção, porque ele tinha razão em tudo o que dizia.
Mas depois o nosso encontro teve de chegar ao fim. Kellahnii despediu-se e depois eu voltei a mergulhar na inconsciência, mas ansiosa por acordar de novo para poder estar outra vez com ele.

Os dias seguintes - ou pelo menos, as vezes em que eu despertava para estar com ele - foram tão cheios de aventuras como de lições de vida. Continuámos as viagens, e Kellahnii ensinava-me montes de coisas que eu não sabia ainda. Estava realmente a adorar aquele tempo que passava na sua companhia.
Mas claro que tinha saudades de Dave e Michael. Habituara-me de tal maneira a viver com eles que agora sofria por não os poder ver.
No entanto, esse era outro ponto que teria de mudar.
Agora eu estava sentada com Kellahnii na beira de uma falésia enorme. Abaixo de nós apenas uma nuvem de vapor criada pela água quente do lago, e por cima de nós apenas o céu, tingindo de vermelho pelo pôr-do-sol. Era uma paisagem de cortar a respiração, claro. Estávamos em silêncio há mais de quinze minutos, porque eu tinha medo que, se falasse, aquela paisagem demasiado bonita se dissolvesse, como costumava acontecer na melhor parte de todas as "aparições" de Kellahnii.
Mas agora eu não conseguia controlar-me mais. Tinha de lhe dizer isto, não podia deixar passar para a próxima vez.
- Tenho saudades do Dave e do Michael. - Murmurei, olhando para o horizonte de falésias e montanhas avermelhadas.
Kellahnii hesitou antes de falar mas depois deu-me a mão, com uma doçura enorme.
- Angie… espero que percebas que eles não eram boas influências para ti. Penso que, se não fossem eles, não te terias metido em tantas coisas más ao longo dos últimos anos.
- Mas eu gosto tanto deles! E eles não eram exatamente más influências para mim… ou melhor… acho que nos influenciávamos todos uns aos outros, não eram só eles a mim. Pensávamos todos da mesma maneira e isso só nos prejudicava. Mas agora que eu… mudei a minha opinião… podia mostrar-lhes como estão a errar, e podia mudá-los também! - Expliquei, e notei o fervor na minha voz, porque queria mesmo que Kellahnii percebesse isso.
- Não julgo que isso seja possível, sabes…
- Porque não? Devias dar-lhes uma oportunidade. Eles são tão jovens como eu, têm tanto direito a uma segunda oportunidade de fazer as coisas bem como eu!
- Eu sei disso. Mas não me compete a mim mostrar-lhes o bom caminho; compete aos Anjos da Guarda deles. E nós nunca opinamos nem nos metemos no trabalho uns dos outros.
Virei-lhe a cara, um bocadinho amuada. Era injusto. Eu queria mesmo ajudar Michael e Dave. Não queria, quando voltasse à vida real, ter de deixar de me dar com eles.
- Além de que há outra razão para não os poderes ajudar.
- Qual é? - Perguntei, virando-me de novo para ele.
Kellahnii suspirou e ficou pensativo por uns momentos, como se estivesse a ponderar em contar-me já ou não. Percebi que devia ser algo importante, algo que supostamente ele só me deveria contar depois, mais perto da altura de eu voltar para a Terra. Mas eu nunca fui uma pessoa paciente, e por isso, não conseguia esperar até essa altura para saber porque razão não poderia ajudar os meus amigos quando tivesse oportunidade para isso.
Eu seria uma Caçadora do Mal. Mas também continuaria a ser a Angela de antes, certo? E não queria perder os meus amigos.
- Kellahnii? Qual é a outra razão? - Insisti, ao ver que ele nunca mais se decidia a dizer alguma coisa.
- É que… quando tu voltares à vida… nós teremos de te tirar todas as memórias que tens deles. Como vamos limpar a tua mente e tua alma… as memórias dos teus relacionamentos terrenos também serão alteradas. Lamento Angela… mas quando voltares à vida, não te lembrarás de algum dia teres sido amiga ou namorada do Michael e do Dave. Lembrar-te-ás de tudo, de toda a gente… mas não da relação que tinhas com elas.

por **Jenn** Seg Jul 04, 2011 2:21 pm

"Mas Kellahnii tinha os braços em meu redor e não me deixaria cair. Depois fez-me rodar lentamente para ficarmos na posição do Titanic (eu sou doida por esse filme, choro sempre que o vejo) e um sorriso desenhou-se nos meus lábios." este anjo ta me a sair cá um finorio!!
TAMBEM QUERO UM ASSIM CORRER O MUNDO Á PALA!!

"Assenti e então começámos a caminhar sem pressas pelas dunas do deserto. " pois ve se logo que esta ta em como, quem é que ir CAMINHAR po deserto no meio das dunas! só ela e o desocupado do damon.salvatore!

"Não devias deixar a tua fé de lado. Sei que passaste por muito na vida… mas isso não foi tudo culpa de Deus; a maior parte foi minha, não te esqueças." aposto que deve vir no contrato dos anjos, em caso de não satisfação assuma a culpa por mim!!

"É que… quando tu voltares à vida… nós teremos de te tirar todas as memórias que tens deles. Como vamos limpar a tua mente e tua alma… as memórias dos teus relacionamentos terrenos também serão alteradas. Lamento Angela… mas quando voltares à vida, não te lembrarás de algum dia teres sido amiga ou namorada do Michael e do Dave. Lembrar-te-ás de tudo, de toda a gente… mas não da relação que tinhas com elas." esta foi forte, coitada!

xD

por **Miriam Salvatore** Ter Jul 05, 2011 3:29 pm

OMG
Ela vai passar por uma lavagem cerebral Kallai mau..

por **Jess Silver** Ter Jul 05, 2011 3:40 pm

Oieee meninas
eu peço desculpa
sei que tou com um cap em atraso ainda

e as vossas suspeitas tao certas
lavagem cerebral mesmo
mas vai ser escolha dela no fim!!

vou postar o cap agora
espero que gostem taah?
beijoos

por **Jess Silver** Ter Jul 05, 2011 3:43 pm

Capítulo 6

Serás Capaz?

- O quê?! Eu vou voltar… amnésica?
- Lamento…
- Mas isso não pode ser! - Reclamei, mas depois vi o olhar dele e acalmei-me um pouco. - Desculpa… mas é que isso é horrível!
- Faz parte da tua missão. Angela, tens de perceber uma coisa… isto não são umas férias no Além, entendes? É um castigo, e tens duas saídas: ou deixas que te mudemos e te tornemos numa Caçadora, ou…
- Ou morro de vez. - Resmunguei, desviando o olhar dele.
Não queria acreditar que Kellahnii ia permitir que me roubassem as memórias dos relacionamentos que tivera em vida! Não me iria lembrar dos meus amigos - nem dos inimigos - nem dos laços que me uniam às pessoas. Senti os olhos a encher-se de lágrimas quando pensei nisso, o que me espantou imenso. Já não chorava há imenso tempo! Kellahnii viu o meu ar chocado quando levei a mão à cara para enxugar uma lágrima, e depois fiquei a olhar para ela com ar espantado.
- Já não te lembravas de como era chorar? - Perguntou, inclinando a cabeça um pouco para o lado.
- Mais ou menos… há anos que eu não chorava. O Dave e o Mike diziam que isso era para os fracos. Nós nunca choramos. - Respondi, e notei o quanto me custava falar neles agora.
- Lamento que tenhas de os esquecer. Mas é o preço a pagar por uma nova oportunidade de viver.
Voltámos a ficar imenso tempo em silêncio, antes de eu arranjar coragem para perguntar:
- Há muitas pessoas… que já tenham passado pela minha situação e tenham… escolhido voltar à vida como Caçadores?
- Algumas. Mas a maioria não quer. Porque é… difícil abdicarmos daquilo que passámos, é difícil abdicarmos do amor, da amizade… das memórias bonitas. Nem toda a gente se sujeita a isso, e preferem ficar para sempre no Paraíso delas, com as memórias intactas do tempo que passaram na Terra.
Assenti com a cabeça e pensei no que ele tinha dito. Era um preço realmente elevado a pagar. Será que eu estava disposta a isso? Antes de Kellahnii me ter dito isto eu não tivera dúvidas de que queria voltar a viver, para ter uma oportunidade de corrigir os meus erros… mas agora já não estava tão certa disso.
- Tens tempo para pensar.
- Obrigada.
Kellahnii anuiu e depois voltámos ao silêncio. Passado algum tempo, lembrei-me finalmente de uma coisa.
- Eu gostava de saber… porquê ao certo é que nos tiram as memórias dos relacionamentos que tivemos? É para nos permitir amar de novo?
- Não. Aliás, aqui vem a parte complicada…
Oh boa, mais uma…
- Qual é desta vez? - Revirei os olhos, mas Kellahnii não levou a mal.
- É que sabes, Angie… os Anjos não amam.
Aquilo apanhou-me mesmo desprevenida, e fitei Kellahnii sem conseguir acreditar.
- O quê?
- É isso mesmo. Os Anjos e os Caçadores… nós não amamos. Esse sentimento é para os mortais, os humanos, sempre controlados pelo amor, ou pelo que acham que é o amor… nós não nos deixamos levar por ele. Por isso, quando um de nós cede ao desejo ou ao amor… a nossa missão é interrompida e somos mortos.
Engoli em seco ao ouvir aquilo. Oh meu Deus, isto estava cada vez pior. E Kellahnii parecia mesmo triste por me estar a dar todas estas más notícias. Não consegui sentir irritação naquele instante, porque quando olhava para os seus olhos tão angelicais, só sentia compaixão e compreensão por ele.
- Eu não… vou poder… voltar a amar? Nem a gostar de ninguém?
O meu anjo da guarda abanou a cabeça em negação.
- Tal como te disse, isto é um castigo. Lamento Angie… mas se decidires voltar à Terra, terás de deixar para trás o amor, a amizade, o ódio e todos os outros sentimentos que dominavam a tua vida até agora. Estarás completamente centrada na tua missão de encontrar o Mal e o destruir. É isso que é ser-se um Caçador.
Anuí com a cabeça e limpei de novo as lágrimas. Agora ainda estava mais indecisa.
- Quanto tempo durará a minha missão? - Perguntei, em voz baixinha e fraca.
- Até que os Anjos Superiores e o próprio Deus achem que é suficiente. Aí eles podem decidir trazer-te de volta para aqui, para que fiques para sempre no teu Paraíso ou... tornam-te um Anjo como eu. - E aí o tom de voz dele tornou-se mais animado. - E aí é muito mais divertido, podes conhecer outros Anjos, podes até escolher alguém para ter sob a tua vanguarda, como eu fiz contigo e com trinta e nove pessoas antes de ti.
- Tu já foste Anjo da Guarda de trinta e nove pessoas?! - Balbuciei, atónita com aquela revelação.
- Sim. E consegui, na maioria das vezes, cumprir bem a minha missão. Claro que nem sempre é fácil… como aconteceu contigo. Mas de cinco das pessoas em que estiveram na mesma situação que tu… todas elas decidiram tornar-se Caçadores. E foram bem sucedidos. E no fim das missões deles, tornaram-se Anjos como eu. Espero que isso aconteça contigo.
Concordei com ele, mas ainda tinha de pensar bem. Ainda não sabia se estava disposta a deixar tudo de lado. Aliás… havia algo que eu queria fazer antes de tomar a minha decisão definitiva.
- Kellahnii… eu tenho um pedido.
- Fá-lo. Se eu puder ajudar não hesitarei.
- Eu gostava… gostava mesmo muito… de poder despedir-me do Dave e do Michael.
Kellahnii olhou-me de sobrolho franzido, mas antes que ele pudesse começar a dizer "não creio que isso seja possível", comecei a falar muito depressa:
- Não vou falar com eles, era mais como… quando nós fomos àqueles lugares todos, andámos lá a ver e a passear por todas as cidades e os sítios bonitos… eu só queria fazer uma visita desse género, para ver como estão o Dave e o Michael. Queria despedir-me deles antes de… vocês me apagarem as memórias. Por favor, eu só peço isso… dá-me uma hora, ou duas, e eu prometo que deixo todos os assuntos tratados.
- Está bem. Mas preferes fazê-lo sozinha?
Assenti com a cabeça e Kellahnii suspirou, conformado.
- Muito bem… vamos a isso.
Ele deu-me as mãos e eu fechei os olhos. Depois pensei com todas as minhas forças, concentrando cada célula do meu ser nessa imagem: da nossa antiga casa, que eu dividia com eles. Mesmo que Dave e Michael não lá estivessem agora, eu partiria desse ponto para começar a procurá-los. Havia de acabar por encontrar.
E quando me senti a abandonar o sítio onde estava com o meu anjo, e novamente a voar entre as várias dimensões até chegar à minha casa na Terra, preparei-me para a derradeira despedida. Depois deste "passeio" eu iria decidir o que fazer do resto da minha vida.
Morrer ou não morrer; eis a questão.

por **Jenn** Ter Jul 05, 2011 3:49 pm

eis a questão!
NIVEL DE DIFICULDADE? =500
que cenário negro!
não poder ceder ao desejo? a sério, ser caçadora afinal não é tão fixe quanto eu pensava...
e no final de tudo ser um anjo e ficar no céu a tocar harpa e ver o tempo passar? hum, boring!
se fosse a ela ia ter uma conversinha com o diabo, ser uma caçadora dele deve ser muito mais fixee!!
coitada da miuda dão lhe cada hipotse!!
tou pa ver o que ela vai fazer!!
xS

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