The Hunter

Elena não havia conseguido dormir, a verdade é que nem havia tentado. Assim que tinha chegado em casa se acomodou no sofá e ainda não havia saido dele. Não sabia a quanto tempo estava daquele jeito. Mesmo sabendo que não podia ficar daquela forma, logo amanheceria e teria que colocar o plano de Damon em ação.
Damon.
Não deveria mais pensar nele. Estava tudo acabado agora. Não queria mais se lembrar, porém a dor constante em seu peito nunca a deixaria esquecer.
Chegava a ser engraçado como Klaus conseguia destruir a sua vida. Mesmo que não estivesse presente fisicamente. Porque há muito tempo ela havia aprendido que ele sempre estaria presente. Ele fazia parte dela. Da parte que ela tentava esconder e guardar de todo mundo. Não havia nem tido a chance de falar sobre isso com Damon.
Damon.
Porque tudo estava se resumindo a ele nesse momento? Ela não queria isso. Deveria ter ficado feliz por tudo ter acabado. Talvez assim conseguisse salvá-lo.
Estava disposta a arriscar tudo por ele? Fechou os olhos pensando na pergunta.
Sim.
Que merda era aquela? Pensou ao abrir os olhos. Ainda estava no sofá. Pelo visto havia cochilado nele. Olhou no relógio e viu que era quatro e meia. Quem poderia estar batendo naquele horário? Seria Jeremy? Era melhor ir conferir antes que ficasse sem a porta.
Abriu a porta já preparada para dar um baita sermão. Sua boca abriu levemente ao perceber quem era. Oh céus. Ele havia ido fazer o que ali? Torturá-la?

- Posso entrar? - Perguntou Damon apontando para dentro. Aquela era a primeira vez que ia na casa dela, os dois haviam se dado conta do fato.

Elena estava pensando se dava o não permissão. Não porque havia comprado aquela casa para poder ser um abrigo seguro e convidar um vampiro para entrar, não tinha nada de seguro. Mas sim porque não sabia se aguentaria mais uma conversa.

- Elena - Chamou ele e ela teve que respirar fundo. Ouvir seu nome sair da boca dele era algo incrível.

- Entre Damon - Falou tão baixo que somente um vampiro poderia ter ouvido.

Ela deu passagem a ele que entrou e fechou a porta em seguida.

- Aconteceu alguma coisa? - Perguntou, tomando coragem. Deveria parar de agir que nem uma idiota.

- Sim. Não. - Ele pareceu perdido por um instante. - Eu pensei bem sobre o que você me contou e cheguei a conclusão de que eu mereço saber de tudo. Afinal não é todo dia que se descobre que sua namorada é casada com o conde drácula - Apesar da tentiva de brincadeira, eles não sorriam.

- Eu não ... - Ela não queria contar. Não queria que ele sentisse pena dela. O seu erro foi ser fraca. Se tivesse tentado mais teria conseguido fugir sem se vender ao demônio. Literalmente - Tudo bem Damon, eu vou te contar absolutamente tudo. Mas tem coisas que você não vai gostar de saber. - Coisas que nem ela gostava.

Ela se acomodou no lado oposto a ele do sofá. Ela não olhou para ele quando começou.

- Nós primeiros dias que eu fui feita de prisioneira, Klaus me tratou bem. Passamos muito tempo conversando sobre tudo, até que ele entrou em um tema do qual eu jamais falaria.Ele queria saber sobre os caçadores, quem eram, como se organizavam, o que eles sabiam, quem era o seu líder. Eu nunca poderia dizer isso, não porque eu era fiel ao caçadores, mas porque eu era fiel ao meu tio.
Quando eu me recusei a contar qualquer coisa, ele me colocou em seu calabouso. Ele vinha pessoalmente todos os dias. Era algo divertido para ele. Torturar alguém tão pequeno, tão frágil. Sua tortura favorita era quebrar meus ossos. Ele gostava de ouvir quando um osso se partia. Como ele precisava de mim com vida, ele me curava apenas quando eu já estava prestes a morrer.
A dor, a dor era tanta, todos os dias, eu achei que eu ia enlouquecer. Eu preferia ter enloquecido ao que aconteceu comigo. Foi pior que qualquer tortura. Klaus poderia ter feito qualquer coisa comigo e eu não teria me importado. Eu não teria sentido. Eu já estava morta, mesmo. - Ela sentiu a pele quente nele na dela. Ele segurou a sua mão. Ela não o olhou, não tinha coragem. Continuou sabendo o que ele queria. - Percebendo que eu não iria ceder e que provavelmente eu morria se continuasse naquele estado, Klaus me tirou dos calabousos. Mas ele não ia desistir tão fácil assim. Acho que ele não queria realmente saber dos caçadores, em algum momento, tudo começou a se resumir a mim. Ele queria que eu quebrasse. Ele não entendia como eu podia resistir tudo aquilo. Eu era apenas uma humana. E os humanos para ele, eram apenas gado. Ele queria tanto me ver fraquejar. Mas nunca aconteceu. Eu nunca falei. Assim ele me entregou para os seus bruxos. Ele tem vários. Alguns são realmente poderosos. Havia um grupo em particular, eram considerados a elite de Klaus. Foi para eles que ele me deu. Ele queria que eles me fizessem falar. Mas não foi exatamente isso que eles queriam. Eu era uma humana forte. Havia aguentado todas as torturas por mais tempo que qualquer outro. Eu era o ideal para o plano deles.- Ela riu sem humor - Nem o próprio Klaus sabia o que eles planejavam. O que eles fizeram. Mas eventualmente Klaus descobriu tudo. Os bruxos não sabiam, mas haviam dado ao Klaus a melhor arma de todas.Eu.