The Hunter

Prólogo


A pequena garota que olhava pela janela estava chateada. Já anoitecia e seus pais ainda não haviam chegado. Mas não era essa a causa do seu aborrecimento. O que realmente chateava Elena era o fato de ter perdido o dia todo daquele lindo dia de verão, dentro de casa. Nem se importava de cuidar do seu irmãozinho de três anos. Elena amava seu irmão de todo o coração, mas a aborrecia ficar presa em casa sem poder nem ao menos dar um passeio lá fora. Estava na casa do lago de sua família há uma semana e sentia muita falta das suas amigas Bonnie e Caroline.


Fazia horas que seus pais tinham ido à cidade pegar mais alguns “mantimentos” e até agora nada. Parecia quase anos desde que ouvira o famoso sermão da família Gilbert – isso há horas atrás - que era basicamente: “Não saia da casa. Não abra a porta pra estranhos. Nunca convide ninguém pra entrar em casa, mesmo que você conheça e tome conta do seu irmão”. Apesar de toda aquela bobagem, Elena nunca desobedecia a seus pais.


- Lena – chamou o garotinho que brincava de fazer casinhas com bloquinhos coloridos – Fome.


Aos três anos de idade, Jeremy era uma criança linda, tinha olhos castanhos bem clarinhos e cabelos tão pretos quanto à noite. Era pequeno pra sua idade, mas muito inteligente o que fazia a garota sentir muito orgulho.
Elena tinha apenas 6 anos, mas era tão madura que as vezes parecia que tinha muito mais. Talvez fosse a responsabilidade de cuidar do irmão menor. Desde o dia que Jer – como ela carinhosamente o chamava – nasceu, a garota havia praticamente assumido toda responsabilidade pelo irmão.


- Hum, acho que tem sopa enlatada em algum lugar – Ela dizia mais pra ela do que pro garotinho.

– Quer sopa Jer?


- Quer - Respondeu a criança sem tirar os olhos de seus brinquedos.


- Então fique bem quietinho ai, que vou trazer tá bom?


- Tá


Assim que chegou na cozinha foi direito ao armário onde achava ter visto uma lata de sopa. Logo que a encontrou abriu tomando cuidado pra não se cortar e despejou o conteúdo em uma panela. Ia acender o fogão quando ouviu batidas, ignorou por um momento achando que eram seus pais que haviam voltado. Mas rapidamente lembrou que eles tinham a chave, não precisavam bater.

Correndo a garota chegou a sala onde encontrou a porta aberta. Seu olhar foi direto no lugar onde Jeremy brincava mas ele não estava ali. Por um momento entrou em pânico. Ele não podia ter saído. Já estava escurecendo e lá fora era perigoso. Vencendo o pânico saiu da casa.


- Jeremy , Jeremy – A garota chamava desesperada enquanto chegava mais perto do lago. Será que ele havia caído? Não. Não queria nem pensar nisso. Estava pronta pra entrar no lago quando ouviu gritos. Era ele. Correu em direção do grito e se deparou com a coisa mais irmão do mundo. Seu pequeno irmão se debatia, gritava e chorava.


Se beliscou pra ter certeza de que não era um sonho, mas infelizmente era real e inacreditável. Alguém estava comendo seu irmão.


Saindo de seu transe a garota fez a primeira coisa que lhe veio à mente. Fazendo um esforço sobre-humano pegou um grande pedregulho e jogou na “coisa” que surpresa largou o pequeno corpo e virou pra ela.
Elena engoliu em seco e esperou. A coisa ia ataca-la, ela ia morrer. Esse pensamento não a assustou, estava mais preocupada com o irmão do que com ela mesma.


A garota viu quando a coisa não humana se preparava para dar o bote. Fechou os olhos e no momento que pensava que seria o fim, ouviu vários estampidos altos.


Abriu os olhos e viu seus pais.


Foi assim que tudo havia começado.

Capítulo I

Elena estava impaciente. Não suportava ter que esperar. Essa era a pior parte de todo o seu trabalho. Ficar ali, naquele cemitério em pé por horas era realmente desagradável. Mas desagradável do que a missão que ela tinha.

A garota se encontrava de frente para uma cova, uma lápide nova com os dizeres “amado filho” arrematava o bizarro quadro. Ela parecia esperar por alguma coisa, mas pra quem passasse por ali – coisa que dificilmente iria acontecer – iria pensar que era apenas uma visitante.

Sentindo a terra se remexer por debaixo de seus pais a garota suspirou aliviada. Estava na hora. Logo toda a terra começou a se espalhar e uma mão surgiu. A garota não fez nada, apenas ficou a observar enquanto mais membros surgiam dando forma a um corpo.

- Aonde estou? Quem é você? Porque estou aqui? – Perguntou o garoto que agora saia completamente de sua tumba. – Não to entendendo.

Eu estava no bar e ai, ela veio e me mordeu. Ela me mordeu – O garoto falava freneticamente, sem dar nenhuma brecha para ela. – Eu quero ir pra casa. Por favor – Pediu ele se aproximando dela, que esboçou um sorriso.

- Não se preocupe – Ela disse enquanto cortava a distancia entre os dois – Eu vou ajudar você – Falou enquanto enterrava uma estaca diretamente no coração do garoto.